'Sempre a Oeste!': estou gastando mais tempo para escrever menos

Imagem de divulgação da capa de Sempre a Oeste!

 

No meio do mar, sem terra à vista até onde a vista alcança, um pequeno barco a vela viaja mais rápido do que qualquer embarcação um dia viajou, mais longe do que qualquer outra tenha estado. 

Dentro desse barco, apenas a capitã e seu papagaio. 

Neste conto sobre os cursos que traçamos para navegar e por que seguimos em frente, acompanhe uma conversa improvável entre duas vidas seguindo na mesma direção, sem ter muito o que fazer enquanto não chegam. 

E o que será que existe depois que tudo acaba? 

Existe uma citação de Mark Twain que eu gosto muito: "Não tive tempo para escrever uma carta curta, então escrevi uma longa". 

É uma brincadeira com um fundo de verdade que dói muito no meu coraçãozinho de escritor prolixo. É muito difícil ser sucinto quando a gente se apaixona por uma ideia porque queremos falar dela o tempo todo, o máximo que puder, de todas as formas possíveis. "Você tá me ouvindo? Entendeu? Deixa eu repetir! Onde eu parei mesmo?"

Acho que é por isso que eu cometi o erro no começo da minha """""""carreira de escritor"""""""" (tem mais aspas ainda, mas ia avacalhar a diagramação) de ir direto para tentar escrever romances, logo depois de meia dúzia de contos mal formados de quem está engatinhando em uma nova habilidade. 

Mas fui por esse caminho sem escolha. É que eu tenho muita dificuldade de controlar o quanto escrevo. Rodeio o assunto, descrevo demais, perco tempo com detalhes que não deviam nem ser mencionados. 

Eu sei, isso não é um problema em si. Senhor dos Anéis está aí para provar. Mas a diferença é que, ao contrário de Tolkien, eu não sabia o que estava fazendo direito. Eu ainda não sei. Não tem a ver com estilo, mas limitação. 

Sempre aprendendo 


Felizmente a experiência — principalmente como redator e copywriter — ajudaram muito a treinar e lapidar essa capacidade de falar mais com menos. Criar imagens com menos elementos. Desenvolver cenas com melhor ritmo. Diálogos que não precisam de tantos verbos dicendi

De novo, não existe regra aqui. Mas eu acho que finalmente estou chegando no equilíbrio entre prolixidade e economia de palavras que sempre quis para mim. 

Um exemplo disso é 'O Espectro de Iks'. Quando escrevi o livro em 2014, terminei com 130 mil palavras. Em 2019, resolvi publicá-lo na Amazon e já tinha uma ideia bem melhor desse meu defeito. Então, entrei de cabeça nele e comecei uma revisão completa. 

O resultado final foi a redução do texto de 130 para 109 mil palavras. Não foram partes ou capítulos retirados. Foram 21 mil palavras desnecessárias cortadas aqui e ali sem que a história perdesse uma cena, uma emoção, um gesto. 

Esse trabalho todo foi uma revelação para mim. Eu percebi o tanto que diluía minhas próprias histórias na vontade de ter um calhamaço para chamar de meu. 

Acontece que, quando você estica demais uma ideia, por mais que goste dela, começa a se tornar exaustivo esse processo. Você perde a paixão e com ela o ânimo. Quantas histórias eu já abandonei pelo caminho por causa disso? Nem sei dizer. É por isso também que, mesmo que eu goste muito da ideia do NaNoWriMo, não acho que as pessoas deveriam criar objetivos tão arbitrários durante ele. 

Sempre a Oeste! 


'Sempre a Oeste!' foi talvez a primeira obra em que eu percebi uma pequena diferença no meu próprio argumento e que se conecta tão bem à citação de Mark Twain. Em vez de enxergar o meu processo como uma empresa que busca otimização, em vez de fazer o máximo com o mínimo de palavras, eu deveria era nutrir mais a paixão pela ideia. 

Na verdade, o que eu busco agora é gastar mais tempo para escrever menos (se eu tivesse um chefe ele ia se coçar todo ouvindo isso). É conter essas ideias no papel ou na tela, porque na minha cabeça elas estão muito sem supervisão. É trabalhar no conteúdo mais do que na forma. 

Claro, essa é só uma das maneiras que existem de escrever. O Stephen King ia rir da minha cara neste momento. Mas eu cansei de me desapaixonar antes de chegar num fechamento para as relações entre mim e meu trabalho. 

'Sempre a Oeste!' é um conto divertido, mas é principalmente a primeira vez que consigo conter completamente algo que penso em palavras. E são só 7 mil delas, 1/3 do que era completamente dispensável em 'O Espectro de Iks'. É um conto que me dá cada vez mais orgulho cada vez que leio de novo. 

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