— Tá bom — ela disse.
Mas não foi um tá bom de bom, foi um tá bom de quem não tá bem. Foi um bom bem assim de quem não tá bem chegando no fim do bom. Tem uns tudo bem que cai igual bomba, mas o tá bom ele tem essa nuance. De vez em quando ele faz bem pra quem ouve, mas geralmente não é bom pra quem fala. Bom, bom não tá. Mas tudo bem se não tá bom desde que isso fique bem explícito na força do tá e no anasalado do bom. Quem tá bem fala um bom de boca cheia. Quem não tá bem fala o bom com um sorriso maior que devia ser. Bem repentino no tá e forçado no bom. Por que bom não tá se no tá ainda não tinha dente à mostra. É calculado, bem mecânico. Mas tá tudo bem não estar bom, é só que não fica bem cortês falar que não tá. Imagina pedir ao avô bença e ele falar que não tá bem pra dar. Mas não é tão grave assim, é? É só um tá bom dado a esmo numa hora bem descontraída. É bem assim, só um cumprimento e segue o bonde. Bom, bom não tá, mas não é uma desfeita. Também não é bem uma verdade, porém uma boa mentira mantém a conversa fluindo bem. Nunca foi de hesitar no tá bom, não é bem agora que ela vai ficar na dúvida. Nunca pensou tanto sobre isso também. Bem, bom não tá. Mas é bem melhor falar que tá do que aquele silêncio mais ou menos. Bem mais ou menos, não cabe muito bem. Bom, bom não tá. Mas se começar sem o tá bom ela sabe bem que não fica assim. O mais ou menos bem vira bem menos ainda.
— Tá bom, sim — ela repetiu sorrindo.
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